O Pentecostalismo "belenita"* e a Unidade: uma relação antagônica
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O Pentecostalismo "belenita"* e a Unidade: uma relação antagônica
“Eu sou de São Cristóvão” e “Eu sou de Madureira”
Por: Revista Ultimato (Edição julho-agosto 2011)
Por: Revista Ultimato (Edição julho-agosto 2011)
Há quase 40 anos alguém gritou que as Assembleias de Deus no Brasil corriam perigo e que esse risco deveria ser proclamado. Por causa dele, os servos de Deus, em vez de toscanejar, deveriam se precaver e se colocar em prontidão. O alerta foi dado no “Mensageiro da Paz”, órgão oficial da denominação, em janeiro de 1973, por João Pereira de Andrade e Silva, duas vezes diretor da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Na época, a preocupação era com os ventos de doutrina, as inovações diversas, a aceitação de costumes que “não nos são lícitos”, a falta de santidade etc.
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João Pereira dizia que o perigo estava às portas. E estava mesmo. Ele era e é o mesmo que rondava a igreja de Corinto: a grande quantidade de partidos dentro da comunidade. Provavelmente, o pastor John Phillip, preletor inglês especialmente convidado para pregar durante a Convenção Geral de 1981 -- no Estádio Jornalista Felipe Drummond (conhecido por “Mineirinho”), em Belo Horizonte - MG, pressentiu o problema. Na abertura da reunião, ele abordou o assunto “A liderança segundo o conceito bíblico” e baseou-se exatamente no terceiro capítulo da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Phillip referiu-se aos partidos existentes naquela igreja: o grupo “fundador” (“Eu sou de Paulo”), o grupo “intelectual” (“Eu sou de Apolo”), o grupo “tradicionalista” (“Eu sou de Pedro”) e o grupo dos “falsamente piedosos” (“Eu sou de Cristo”). O pregador visitante terminou sua mensagem assim: “Tanto o grande Paulo como o eloquente Apolo não passavam de dois jardineiros. Tudo o que você pode ter é um pedaço de pau para furar o chão e nele plantar a semente, ou um balde d’água com que regar as plantas. Nada mais. De fato, nós mesmos nada somos. Por isso precisamos uns dos outros. De nada adianta plantar, se não houver quem regue. De nada vale regar, se ninguém plantou. Somos, isto sim, cooperadores. Juntos formamos uma grande unidade com Deus”.
Dos ministérios autônomos ao fracionamento personalizado
As palavras de João Pereira e de John Phillip foram proféticas, tanto para ontem como para hoje. Antes, o atrito era entre os megaministérios: “Eu sou de São Cristóvão”, “Eu sou de Madureira”, “Eu sou de Belém”, “Eu sou do Brás”. Hoje, ele é personalizado: “Eu sou de José Wellington”, “Eu sou de Manoel Ferreira”, “Eu sou de Samuel Câmara”, “Eu sou de Silas Malafaia”. Antes, era dentro das quatro paredes da denominação. Hoje, é público (usam-se inclusive os programas evangélicos de televisão). Em sã consciência, nenhum asssembleiano tem condições de repetir o que John Phillip disse há trinta anos no Mineirinho: “Juntos formamos uma grande unidade com Deus”.
Trégua e fracasso
Nesses 100 anos de história, a unidade sempre foi difícil nas Assembleias de Deus (bem como em outras denominações). De vez em quando, havia um clamor em favor da unidade, como o do pastor Altomires Sotero da Cunha, que, na Convenção Geral de 1971, propôs que a liderança de Madureira visitasse a igreja de São Cristóvão e vice-versa, “para selar a paz”, o que de fato aconteceu. Nessa ocasião, “houve perdão e abraços e muita alegria”. Contudo, 18 anos depois, em setembro de 1989, aconteceu a maior e mais importante divisão das Assembleias de Deus no Brasil, com o desligamento do Ministério de Madureira e suas convenções.
Politicismo territorialista
É consenso que as divisões assembleianas nunca aconteceram por questões doutrinárias, mas por disputas de campos territoriais ou por cargos. Essa é a opinião de Paulo Romeiro, que desenvolve uma pesquisa sobre os movimentos pentecostais brasileiros para a Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Segundo o assembleiano Gedeon Freire de Alencar, diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos e doutorando em ciências da religião (PUC-SP), “uma igreja que nunca teve uma direção nacional instituída, abriu espaço para figuras isoladas se fortalecerem”. O problema é complexo e pecaminoso, porque envolve uma rivalidade entre os megaministérios e seus pastores presidentes. Os chamados “ministérios” são como denominações dentro de uma mesma denominação.
Um corpo bicéfalo: José Wellington... Samuel Câmara
Em junho, duas comemorações separadas do centenário foram realizadas na mesma cidade, onde tudo começou, Belém do Pará: uma no dia 10, no Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, e a outra no dia 16, no Estádio Olímpico do Pará (Mangueirão).
Na primeira comemoração, presidida por José Wellington Bezerra, a tensão diminuiu com a presença de Samuel Câmara, pastor da Assembleia de Deus de Belém. Na segunda, presidida por Samuel Câmara, ela foi de igual modo reduzida pela presença de José Wellington.
A reconciliação dos diferentes grupos pode ser difícil. Porém, de acordo com Alfredo Borges, “quando Deus exige do homem coisas que ele [com suas próprias forças] não poder fazer sem uma graça especial, ele mesmo, junto com a ordem providencia ao mesmo tempo essa graça”.
Em meio ao barulho das comemorações, seria bom ouvir o apelo de Paulo endereçado a duas ovelhas na mesma situação dos assembleianos: “E agora eu quero suplicar àquelas duas estimadas senhoras, Evódia e Síntique: “Por favor, com a ajuda do Senhor, vivam em harmonia” (Fp 2.2, BV).
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* "Belenita" - alusivo ou referente a Belém (PA), marco inicial das atividades ou trabalhos desenvolvidos por Gunnar Vingren e Daniel Berg (1911)
"Ekklésia Christiana"- Mensagens : 497
Data de inscrição : 18/05/2011
Re: O Pentecostalismo "belenita"* e a Unidade: uma relação antagônica
De uma forma ideal, e até mesmo por definição, os cristãos deveriam ser um só povo.
Em tese, e apesar das fortes diferenças doutrinárias, não haveria diferenças de ordem espiritual entre católicos, batistas, presbiterianos, assembleianos, ccbianos, etc.
Porém o homem natural - e nem tanto o homem espiritual - tem sido o principal frequentador das igrejas quando apenas denominações e não verdadeiros apriscos.
Dessa forma, aparece a falsa razão, a exacerbada sensibilidade ao escândalo, o "rasgar de vestes" sob qualquer motivo, a desunião, o partidarismo, a facção, o sectarismo, a desunião, a dissidência, a separação, e finalmente os ataques mútuos.
A igreja que se diz cristã no geral tem-se tornado dessa forma ela mesma um dos maiores movimentos contrários ao Cristo verdadeiro e a Seus ensinamentos.
Isso de "eu sou da igreja tal do dirigente Fulano" é uma triste realidade.
Além do que nossos téologos e estudiosos se sentem mais à vontade em citar pessoas doutas como Adolf von Harnack, Albrecht Alt, Bernhard Duhm, Dietrich Bonhoeffer, Ernst Bloch, Frank Cruesemann, Gerhard von Rad, Herbert Donner, Herman Gunkel, Joachim Jeremias, Joseph Blenkinsopp, Julius Wellhausen, Karl Barth, Karl Elliger, Karl Rahner, Kurt Aland, Martin Hengel, Oscar Cullmann, Otto Eissfeldt, Paul Tillich, Pierre Teilhard de Chardin, Rolf Rendtorff, Rudolf Bultmann, etc., mas inexplicavelmente se esquecem de citar o maior sobre todos, o nosso Mestre Jesus, O Cristo, nosso eterno Salvador e Intercessor junto ao Deus que tudo pode
Em tese, e apesar das fortes diferenças doutrinárias, não haveria diferenças de ordem espiritual entre católicos, batistas, presbiterianos, assembleianos, ccbianos, etc.
Porém o homem natural - e nem tanto o homem espiritual - tem sido o principal frequentador das igrejas quando apenas denominações e não verdadeiros apriscos.
Dessa forma, aparece a falsa razão, a exacerbada sensibilidade ao escândalo, o "rasgar de vestes" sob qualquer motivo, a desunião, o partidarismo, a facção, o sectarismo, a desunião, a dissidência, a separação, e finalmente os ataques mútuos.
A igreja que se diz cristã no geral tem-se tornado dessa forma ela mesma um dos maiores movimentos contrários ao Cristo verdadeiro e a Seus ensinamentos.
Isso de "eu sou da igreja tal do dirigente Fulano" é uma triste realidade.
Além do que nossos téologos e estudiosos se sentem mais à vontade em citar pessoas doutas como Adolf von Harnack, Albrecht Alt, Bernhard Duhm, Dietrich Bonhoeffer, Ernst Bloch, Frank Cruesemann, Gerhard von Rad, Herbert Donner, Herman Gunkel, Joachim Jeremias, Joseph Blenkinsopp, Julius Wellhausen, Karl Barth, Karl Elliger, Karl Rahner, Kurt Aland, Martin Hengel, Oscar Cullmann, Otto Eissfeldt, Paul Tillich, Pierre Teilhard de Chardin, Rolf Rendtorff, Rudolf Bultmann, etc., mas inexplicavelmente se esquecem de citar o maior sobre todos, o nosso Mestre Jesus, O Cristo, nosso eterno Salvador e Intercessor junto ao Deus que tudo pode
Sergio Teixeira- Mensagens : 1144
Data de inscrição : 12/05/2011
Localização : Rio de Janeiro
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